
Publicações
Escrever é uma forma de dar sentido às minhas experiências e reflexões. Cada texto surge desse encontro, buscando diálogo com outros olhares. Aqui, reúno palavras sobre o que faço, penso e crio, além daquelas que falam sobre meu trabalho.
PINTURA COMO MANIFESTAÇÃO INTELECTUAL: ENTRE O HUMANO, O DIVINO E O MÍTICO
por Talita Moreau
Artigo publicado no no Volume 6 da Revista PHILIA | Filosofia, Literatura & Arte. Composta pelas contribuições de temática livre.

Resumo
A pintura é frequentemente concebida como uma arte divina, conectando o humano ao transcendente. Sua trajetória foi moldada por pensadores que influenciaram a percepção artística e a conceituação da arte. O artigo examina O mito da pintura, primeiro volume da coletânea A pintura: Textos essenciais, organizada por Jacqueline Lichtenstein. A obra reúne autores como Filóstrato, Zuccaro, Ménestrier, Molière e Klee, que destacam diferentes dimensões pictóricas, desde seu poder poético até seu caráter transcendente. Além disso, Plínio, Alberti, Vasari, Junius, Bellori e Baudelaire exploram mitos, erudição e revolução interior. Por fim, Zola, Mirbeau e Restany enfatizam a originalidade e a inovação como aspectos fundamentais da arte.
Palavras-chave: Pintura. Divino. Mítico. Manifestação Intelectual.
Artigo completo: https://seer.ufrgs.br/index.php/philia/article/view/141345/95086

A PINTURA NÃO FIGURATIVA POÉTICA CONTEMPORÂNEA DE JOAN MITCHELL SOB O OLHAR DE DELEUZE E A LÓGICA DA SENSAÇÃO
por Talita Moreau
Dissertação defendida no dia 02 de fevereiro de 2023.
Orientador: Humberto Aparecido de Oliveira Guido.
Resumo
Joan Mitchell, artista contemporânea estadunidense, autora de centenas de pinturas e gravuras que resumem a seu modo a história da linguagem pictórica não figurativa. Sua obra tornou possível a pesquisa situada na linha no campo filosófico, nas intersecções da Arte e da Filosofia, trabalho analítico vinculado à linha de pesquisa História, Sociedade e Cultura. Durante a incursão no espaço estético do século XX, a presença de Gilles Deleuze e Félix Guattari foram imprescindíveis, sobretudo os escritos do primeiro, que deram a oportunidade de aprofundar as considerações sobre a autonomia da obra de arte na medida em que a criação artística abandona o paradigma clássico, centrado no cânone da beleza que lhe é correspondente e demasiadamente dependente da figuração, da representação. A pesquisa aproximou a arte de Joan Mitchell e a filosofia da diferença, aventou os possíveis que mostram-se libertos da representação. O que é visto, quando a figuração sai do espaço artístico? Podemos sintetizar o problema da pesquisa com essa pergunta, não há uma resposta pronta, definitiva; há a abertura-saída para tornar visíveis as forças das sensações. O objetivo do trabalho, que neste momento encontra-se provisoriamente como dissertação, foi perceber os perceptos e os afectos que captam o imperceptível disperso no plano de imanência, algo indiscernível e que pode-se abrir à lógica da sensação.
Palavras-chave: Joan Mitchell. Pintura. Não figuração. Lógica da sensação. Figura.
Dissertação completa: https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/37564/1/PinturaN%c3%a3oFigurativa.pdf
O POTENCIAL REVOLUCIONÁRIO NA OBRA DE JOAN MITCHELL: DIÁLOGOS ENTRE DELEUZE, GUATTARI e WOOLF
por Talita Moreau
Artigo publicado no Volume 4 da Revista PHILIA | Filosofia, Literatura & Arte. Edição que é um Dossiê Temático sobre a obra de Virginia Woolf.

Resumo
O presente texto é uma reflexão sobre o caráter revolucionário da obra de Joan Mitchell, artista contemporânea nova-iorquina, autora de centenas de trabalhos que resume a seu modo a história da pintura não figurativa. Mitchell rompeu barreiras sociais, familiares, de gênero e de linguagem pictórica. Essas rupturas são analisadas nesse artigo sob a luz de conceitos elaborados pelos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari no livro O Anti-Édipo: Capitalismo e Esquizofrenia 1, e pela escritora Virginia Woolf, que reflete o lugar da mulher artista através de ideias como a “mente andrógina” e “mulher como espelho do homem”, apresentadas em seu livro Um teto todo seu.
Palavras-chave: Pintura. Máquinas desejantes. Revolução. Gênero. Descodificação.
Artigo completo: https://seer.ufrgs.br/index.php/philia/article/view/122556/86525

A DÍVIDA INFINITA DA MULHER ARTISTA
por Talita Moreau
Prosa poética escrita especialmente para compor o livro "Filosofia com Poesia" do Instituto Quero saber. Lançado em 20/09/2022.
Livro completo: https://www.institutoquerosaber.org/editora43
ESPELHO D´ÁGUA
por Wagner Nardy

“Espelhos são utopias porque são um lugar sem lugar. No espelho vejo-me onde não estou, num espaço irreal que se abre virtualmente por trás da superfície, estou além, além de onde não estou, espécie de sombra que me devolve a minha própria visibilidade, que me permite olhar-me além onde estou ausente.”
Assim Foucault define a experiência de contemplação de uma nova realidade a partir do espaço virtual expandido. O pensamento do filósofo me parece adequado agora, diante das obras de Talita Moreau nesta exposição Espelho d´Água. Pois que os trabalhos apresentados brincam com a representação de sua própria natureza questionando ao máximo seus limites e tensionando a relação existente entre os diversos “médiuns” da arte contemporânea atual.
Talita desenha com tesouras. Sua obra parte da pintura para criar novas identidades artísticas em relação ao tema. E a figura do espelho mais uma vez nos vem à mente: o que vemos é uma colagem, uma pintura, um desenho ou uma instalação? O trabalho de Talita guarda imediata relação com o pensamento do mestre Matisse para o qual tudo era produto de uma simplificação e os tecidos bem como os papéis possuíam a mesma importância de que a pintura figurativa de suas veneradas odaliscas. Para Matisse o recorte era tudo.
A artista possui, portanto, uma prática inusitada que exemplifica o pensamento do grande pintor. A artista pinta em tela para, a seguir, fracionar o trabalho em delicados e precisos recortes, alocando-os em nova plataforma; a colagem, e a partir daí cria desenhos. São trabalhos de beleza imediata todavia, de intrincado e profundo conceito. Através deste espelho Talita parece querer chamar a atenção para os assuntos mesmos do mundo, resolvendo o imbróglio a partir de sua obra.
Contudo, seu trabalho oferece um cenário de rara paz e serenidade. Como se de fato, contemplamos a imagem do entorno através de um delicado espelho d’água. Sua obra assim é capaz de criar campos de silêncio e abstenção que porventura também fazem parte do trabalho, pois, como bem coloca o mestre músico Tom Jobim “ a música é mesmo o intervalo entre as notas”.
Para esta exposição o conjunto de trabalhos explora livremente o espaço expositivo criando poéticas em torno da sua própria existência como templo da Arte nos levando a campos mais vastos e prazerosos. As formas utilizadas pela artista são como os nenúfares de Monet que passeiam livremente pelo espaço; não na procura de um espaço, mas em busca do movimento de sua própria existência.
O trabalho de Talita lida ainda com o ritmo do tempo e a maneira de trazê-lo a uma fisicalidade quase palpável tanto quanto a memória de um momento passado à beira de um lago contemplando o reflexo da vida e não a vida mesma em si. A artista, herdou do mestre Matisse a grande e primordial lição de que a pintura é pensada a partir do olhar interior. E nada mais.
Wagner Nardy
O curador

NAS PEDRAS DA MINHA RUA
por Juny Kp!
A artista, radicada em Uberlândia, pinta, recorta, monta, cola e desconstrói suas memórias.
Talita Moreau apresenta, entre solos, dípticos e múltiplos, oito obras inéditas em sua exposição na casa de criar. O papel é a matéria-prima. O papel permite a transformação intencionada por Talita. E nele, ela experimenta diferentes tintas e suas reações, cria novos fragmentos de uma pintura que não sabemos a origem e apresenta peças. “pedras” de ruas por onde passou e nas quais habitou. Retenções de sua memória afetiva.
Para entender as obras presentes é preciso tempo e proximidade. Tempo para percorrer cada “pedra”, perceber suas formas, cores, nuances e texturas. Perceber o todo e o uno. Tempo de imaginar por onde a artista andou, por quais ruas e praças ela flanou. proximidade para ver de perto, quebrar a barreira do um metro. Se propor a uma intimidade com a obra, com as lembranças de Moreau.
Com a prática e naturais descobertas, percebo uma cartografia sendo estabelecida. Surgem coordenadas que ligam as telas entre si, como estradas ligando cidades em plano aéreo. Ou ainda como colônias de corais submersas e multicoloridas; As linhas, pinceladas, marcas, pontilhados e empastamentos criam uma atmosfera, podem remeter a uma corrente marinha ou a luz refletindo na água. A imagem de abstração poética não é definida, mas é alusiva e atmosférica, não é um retrato de um espaço e seus objetos, mas uma realidade constituída e representada na pintura.
O acaso inserido em uma metodologia racional estabelece o paradoxal resultado obtido. A leveza das pedras. Tudo orgânico e justaposto.
Vejo uma produção muito plena e com muito ainda para nos oferecer em seus passos futuros. Seja em Belo Horizonte, Uberlândia e Lisboa, como fora aqui, Talita sempre montará quebra-cabeças afetuosos, orgânicos e preciosos.
Juny Kp!
O curador